Tradutor

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A falência do ensino público nacional.

Ao final da Segunda Grande Guerra Mundial o mundo foi dividido em vários blocos. O bloco dos ricos e o dos pobres, o bloco dos vencedores e o dos vencidos, o bloco capitalista e o socialista e não devemos esquecer o bloco do 3º mundo, que hoje chamam de “Países Emergentes” ao qual fazemos parte, e que em quase sua totalidade é composto por países do hemisfério sul.

Um país pode fazer parte de vários blocos, os E.U.A., por exemplo, faz parte dos vencedores, é rico e capitalista.

Nós brasileiros, que antes éramos do 3º mundo e agora emergentes (muda-se a terminologia, mas a essência é a mesma), sem expressão, sem amor próprio, sem história, sem perspectiva de futuro e sem opção do presente só participamos da Segunda Grande Guerra (e não vejo nenhum mérito nisso) porque, reza a lenda, teve algumas embarcações afundadas por países pertencentes ao “eixo” (Alemanha, Itália e Japão). Mas nas minhas divagações, fico tentando imaginar o que armas de guerras alemãs estavam fazendo em águas pacíficas, a milhares de quilômetros do conflito e, pior ainda, o que ganhariam afundando embarcações que até então, pertenciam a uma nação neutra no conflito?

Mas quem poderá contestar a história? E como “fala” o colega mantenedor deste “blog” “a história é contada sob a versão dos vencedores”.

Talvez devido a esta inércia que vivemos a submissão sempre imposta e aceita, aos acordos realizados visando sempre à pacificação, lembremo-nos do “Tratado de Tordesilhas” onde a coroa Portuguesa veio apenas tomar ciência do quanto possuía, logo a história do descobrimento é uma farsa, do fim do Brasil Colônia e o início do Brasil Império, onde a ex-colônia (nós) assumimos uma dívida de Portugal com a Inglaterra e ficamos com um Imperador Português de brinde, do fim da escravidão devido pressão da Inglaterra que queria mais mercado consumidor para seus produtos industrializados, o fim do Brasil Império e o início do Brasil República onde mais uma vez assumimos a divida de Portugal com a Inglaterra, a Consolidação das Leis do Trabalho (C.L.T.) pois o país vivia um clima tenso e isto serviu para acalmar os ânimos.

Esses fatos e muitos outros que existem e não cabe comentar, pois não sou historiador e sim um grande curioso adepto da máxima “conheces a verdade e ela o libertará” nos tornaram uma nação subserviente e de índole medíocre sempre esperando que alguém faça algo por nós e que o Poder Público de uma forma ou de outra, resolva todos os problemas, afinal, são nossos lideres, responsáveis pelo nosso bem estar.

O Japão, ao final da Segunda Grande Guerra estava destruído estruturalmente, mas o amor do povo a seu país continuava forte, o Imperador Hiroito iniciou um processo de reconstrução, precisava de pessoas capacitadas nas mais diversas áreas e por ser um país geograficamente pequeno e grande parte de seu território ser ocupado por montanhas e vulcões, e o clima ser frio, não poderia investir em agropecuária ou agricultura, precisava reconstruir a nação, investir em tecnologia e hoje vemos o resultado de um trabalho árduo, uma das maiores potências do mundo, referência mundial em tecnologia, economia, educação e etc.

Bem, depois de tanta falácia, onde quero chegar? Vejamos...em conversa com um conhecido, ele me disse que no Japão, se um aluno fosse surpreendido atrapalhando as aulas era castigado. Perguntei qual era o castigo imposto ao qual me respondeu não saber, pois ninguém falava em aula. Um jovem não conseguir uma vaga na universidade é motivo de vergonha para a família.

Guardadas as diferenças culturais, o que vemos é um povo consciente e líderes conscientes, com valores éticos fortalecidos.

Voltemos ao nosso mundo. Educação nunca foi o carro chefe desta grande nação, perdoem-me, mas quando “digo” grande é na questão territorial, e até pouco tempo atrás, faculdade era apenas para a elite.

Era?

Será mesmo?

Vejamos assim...o ensino público é falido, com raríssimas exceções, o sistema de ensino é patético. O Governo para iludir, alegando inclusão social, cria um sem número de cotas, alunos não reprovam no primário, inventa uma prova (ENEM) que pode valer “pontos” ou “meios” para freqüentar instituições de ensino que visam apenas o lucro, portanto não reprovam e não fazem questão que se aprenda. A qualidade dos profissionais é duvidosa, para não dizer lamentável, e conheço muitos que possuem o tão falado “nível superior”, mas na prática são analfabetos funcionais.

As instituições de ensino sérias, de todos os níveis, ainda pertencem à elite. A grande maioria de profissionais de nome e renome vieram destas instituições e pertencem a nata social. Por nata social entendem-se os 2% da população que detêm 70%da economia.

Agora a triste constatação, o negócio está tão descambado, que já temos cursos superiores à distância, supletivo do segundo grau em menos de seis meses (como que se reduz uma carga de ensino de três anos em seis meses? que mágica é essa?), cursos “superiores” de dois anos (com duas horas e meia de aula por dia), e já estão avacalhando até a especialização. Daqui a alguns anos, pelo andar da carruagem, não precisará nem dominar outra língua para mestrado.

Outro dia, ouvi de um agente público que ele está fazendo parte de um curso de especialização ministrado pelo poder público, dividido em módulos, e que ao final disto, totalizará cerca de quarenta dias, poderá ser validado como uma “Pós Graduação”. Pergunto: Em que?

Nada contra a especialização, afinal é válido, quem dera que todos pudessem se aprimorar, conhecer mais e com isso tornar a sociedade em que vivemos bem melhor do que está. Mas sei de muitos exemplos que fizeram curso superior apenas para obter o diploma, porque a profissão exige para poder ocupar um determinado cargo e não possuem quase nenhuma ou nenhuma afinidade com o que estudaram, prova disto foi um destes formado em “Gestão” não saber efetuar um cálculo de juros compostos. Na minha humilde opinião, é o mesmo que um Juiz de Direito não saber explicar o conceito de Jurisprudência.

A banalização do ensino, educação, cultura, ou seja lá a terminologia usada, se tornou um câncer incrustado de tal forma que necessitamos de uma reformulação completa no sistema senão, daqui a pouco, teremos cirurgiões formados pela internet.

Publicado no Blog "Os Municipais" em 15 de março de 2010.